A comunicação, como parte do processo de conquista de resultado é chave mestra e exclusiva do ser humano. É preciso ter comunicação e atitude para conquistar objetivos. Afinal, como canta Cartola, as rosas não falam!

Mas existem diferenças na comunicação para cada situação, para cada ambiente e evento. É necessário atitude para conquistar seus objetivos no momento da comunicação.

Não me refiro apenas a conteúdo de vocabulário técnico de conhecimento especializado, mas também às atitudes que podem ser observadas.

Fatores culturais são os que mais se impõe sobre esta visão.

Nos embates políticos temos um comportamento de enfrentamento pela comunicação muito parecido com a fala e canto dos rappers, com a diferença de que o opositor não está presente no caso do rap. É um discurso de oposição, de denúncia, de clamor.

Um discurso público formal pede o uso de protocolos. Já um discurso privado e informal ou de premiação permite manifestação mais livre, ainda que seguindo certo roteiro.

Cada pessoa imprime sua personalidade na fala.

Existe comunicação livre como atitude para conquistar objetivos?

A única comunicação livre de fato é aquela desprovida de exigências formais. Uma criança ao falar, um bate-papo entre amigos, a conversa na mesa do almoço em família, etc.

Ainda assim, socialmente temos o uso dos papéis que podem ser observados nos padrões comunicacionais. Por exemplo, um homem no papel de pai fala com certa autoridade. Uma mulher no papel de cliente pode exercer seus direitos e sua comunicação ganha um perfil diferente.

 

Existem maneiras mais adequadas de comunicação para cada caso?

O ponto chave aqui é a necessidade que temos de saber nos posicionar de forma adequada para cada situação e necessidade. O ser humano precisa ter claro que ele usa sua comunicação para obter resultados, tanto na vida social quanto profissional. Tem gente que usa a comunicação como instrumento de trabalho. É o caso do político, do professor, do vendedor, do advogado. E mais especialmente, o locutor, o jornalista que fala ao vivo, o tradutor simultâneo. Algumas falas até ficam conhecidas e grudam na memória; são os casos da voz do aeroporto internacional, da moça do Google, da gravação pelo telefone das empresas.

 

O tom de voz faz diferença?

Existe sempre um “tom” de voz mais adequado para cada situação.

Um tom de dúvida ou questionamento normalmente sobe no final das frases. Já um tom afirmativo, desce.

Um tom alegre e festivo é mais emocional, já o formal parece frio e sério.

Um locutor fala com melhor articulação, pronúncia e clareza. E isso é o que todos nós deveríamos buscar fazer no dia-a-dia, ainda que não é exigido para a comunicação interpessoal geral. A vantagem é que uma comunicação clara e bem construída é mais persuasiva.

O filósofo Aristóteles já afirmou em 380 a.C. que a comunicação serve para influenciar. Mas como influenciar corretamente se não observarmos uma asserção adequada?

 

Palavrões e gírias, pode?

O uso de gírias e palavrões é aceito nos ambientes particulares e no teatro, não nos formais, oficiais e públicos. Aí é necessário o uso culto e correto da língua.

 

E quando a gente não consegue colocar em palavras os próprios pensamentos?

Para aqueles que sentem dificuldade ao expressar seus pensamentos em forma de palavras, saiba que isso só se resolve com o conhecimento de mais vocabulário. Mas, não apenas decorando conteúdos aleatoriamente. É preciso sim, adquirir o hábito da leitura para que este vocabulário venha junto de uma conteúdo que expresse as nuances do uso da língua em questão. Lembre-se que a cultura é um dos mais importantes fatores de influência na  comunicação. Literatura brasileira é o mais indicado para isto. O melhor, no nosso caso, é o atemporal Machado de Assis.

 

Tem jeito para a fala agressiva?

Certa vez fui procurado por um advogado que me relatou seu interesse por suavizar sua comunicação. Seus clientes e colegas de trabalho lhe diziam que ela era muito agressiva, impositiva e até causava medo em alguns. De fato ele tinha uma fala forte, de estilo afirmativo e clara. Acompanhada de um tom grave, olhar fixo e determinado, realmente impressionava. Sugeri a ele a leitura do livro de “Marshal B. Rosemberg, Comunicação não Violenta”.

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E para quem não consegue dizer não?

Assertividade é o tema da comunicação que lida com este aspecto. É chamada de fala passiva. E essa passividade causa até depressão em quem não consegue dizer não quando precisa.

Se você não pode mais assumir compromissos, se você não tem mais horário na agenda, se não pode ou não sabe executar uma tarefa, você deve experimentar o quanto antes uma fala de negação. Se não quiser, nem precisa usar o não. Você pode elaborar uma afirmação que mostre que você tem outra escolha ou está impossibilitado de realizar o que te pediram.

 

Exemplo de comunicação assertiva:

  • Por favor, me entregue este relatório amanhã até as 15h.
  • Amanhã nesse horário será impossível porque eu estarei fazendo recepção de materiais no departamento de logística.

Pode ser dito com um leve tom de pesar, o que vai facilitar para seu interlocutor buscar outra alternativa.

 

Qual é a melhor atitude ao falar em público?

Oratória é o nome da comunicação em público. Oratória é comunicação e comunicação é relacionamento. Você deve falar como quem se relaciona com as pessoas. Olhando para elas, fazendo gestos quando for necessário, mas evitando excessos. Usando pausas e ênfases nas frases.

 

Como resolver os vícios de linguagem?

Procure se ouvir enquanto fala e respeite seus pensamentos. Não tenha medo de ficar sem falar por um segundo ou dois enquanto elabora a melhor forma de colocar um pensamento. Isso evita o uso dos vícios de ligação (eeeee, ããããã) e dos vícios de linguagem, que são irritantes.

No mais, não tenha medo de ser dramático ao falar em público, isso vai melhor em muito a qualidade da sua comunicação para quem te ouve e vê. E para finalizar, evite gírias e nunca use palavrões em público; também não conte piadas, mas pode fazer as pessoas rirem usando a graça, que é diferente e demonstra inteligência e espirituosidade. Seja claro, pausado e bem articulado, movimente-se pouco e adote uma postura vertical, equilibrada e elegante.

Tudo isso vai te dar comunicação e atitude para conquistar objetivos.

 

Achou muita coisa para ser observada? Pois é, a comunicação natural, aquela do dia-a-dia não basta.

Não basta para um monte de coisas: falar em público, falar no tribunal, falar em um debate, negociar, vender, ensinar. Para tudo isso existem maneiras mais adequadas de se expressar.

 

Fala aí, qual é a sua experiência mais marcante com a comunicação?

 

Sidnei Miranda

Professor de comunicação e oratória

sidneimiranda.com.br

Respostas de 2

  1. Eu sabia que ter uma linguagem clara e formal era importante, mas depois que li esse artigo percebi, que temos que melhorar muito nosso vocabulário e a maneira em que nos expressamos.

    1. Exatamente. Quanto mais claro, melhor. Afinal, comunicação é o que o outro entende, e não exatamente o que falamos.

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